Louis Lane e a cidade radioativa

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Nas ruínas da cidade de Pequenópolis, Louis Lane permanecia sentada na escadaria de madeira de sua antiga casa. Após a evacuação total da cidade por causa de um acidente radioativo na maior usina da região, fitava os olhos no ermo tentando imaginar o futuro. Em seus pensamentos, pairava o motivo de sua decisão perigosa de permanecer ali: não desistir.

Louis acreditava nas suas qualidades e sua motivação era conquistar, mas naquele momento sentiu-se só, abandonada pelas conquistas e abraçada com a frustração. Até pensou em ir ao encontro de sua família e sair da cidade para fugir do perigo iminente, afinal a radiação poderia já ter afetado seu organismo. Inconformada, questionava sua decisão, seu rodízio de pensamentos e todo investimento de tempo naquele local. Aprendeu filosofias de vida com seus amigos Stall Jones e Sting Cobra; ambos diziam: “É necessário aprender a não sentir dor e entendê-la como algo psicológico. A arte de não desistir é uma raríssima qualidade de poucos. Aprenda a ter uma pele resistente ao fogo!”. Lembrou daquelas palavras e sentiu uma nostalgia diferente, semelhante ao enjôo pelas dores há anos não demonstradas. Aquela dor doeu de vez e ao fechar seus olhos o cair das lágrimas foi necessário ao momento. “Será que estou dando a importância necessária para as coisas principais? Ou as coisas principais não são prioridade?”, refletiu em prantos. Talvez, o único consolo seria um abraço eminente, mas esse abraço não aconteceu. Louis era cientista e sentia-se culpada pelo incidente.

Uma vila inteira teve de se mudar por causa de uma porta que ficou destrancada em seu laboratório espalhando o gás que causou uma explosão. Essa explosão atingiu os equipamentos radioativos da fábrica onde trabalhava. Perdera o emprego, a família e um possível relacionamento com alguém. O kit derrota estava lá, completo e escancarado. Não podia encarar ninguém, esta era a principal verdade. “Me mandaram para fora do planeta, não preencho nenhum item mais. Não sou aceita pela sociedade porque não tenho mais dinheiro, não tenho uma profissão e nem tenho quem batalhe por mim, quem me ame.”, lamentou. De certo, naquela hora, Louis queria ter pego a primeira nave de volta para o planeta Terra, mas aquele transporte era raro e demorou a chegar. Pés, mãos, costas, pernas, braços e cabeça cansados, exaustos de ter de pensar. Ali parada, fraquezou pela sétima vez, o que, para sua filosofia de vida, era lamentável. Era proibido enfraquecer, chorar e desistir.

A porta de entrada era larga, mas a saída se estreitava de acordo com o passar do tempo que era, por sinal, cruel. Aquele tempo era rude, grosseiro e não dava a mínima atenção que ela dispensava a ele. Ela estava priorizando (como principal) a passagem de tempo e a falta de acontecimentos ao redor. Depois de meses, a cidade já estava habitável novamente, livre de tóxicos no ar e repleta de pessoas. Mas Louis permanecia lá, só que sem praticar mais suas filosofias de vida, pois seu organismo estava extremamente contaminado com radioativos. Louis Lane continuou "vivona", vivendo e torcendo para conseguir reconquistar seus objetivos. Torcia sozinha, mas ainda assim acreditava na compensação do tempo e no estalar dos dedos (de Deus) em sua vida.  

Boa leitura!
Annyme-se e cassideias! 

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