UM CONTO PARA RETER BOAS CONVERSAS

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Entre uma pausa e outra nas atividades, mergulho nas pesquisas de assuntos variados pela web e uma gravura no blog de um ilustrador me chama a atenção: uma mão direita de punho fechado espreme uma fruta vermelha agressivamente. Na legenda: “É assim que se faz suco com amor”. E, no primeiro impacto com a legenda, minha voz diz baixinho “Ai...”. O modo agressivo seria uma tendência da época ou a pressão diária nos suga (para produzirmos mais "suco") e ainda assim gera amor em nós? Admiro profundamente as características humanas porque logo penso que Deus possui um trilhão a mais delas e pôde dividi-las entre nós. Um desenhista, com toda sua perspicácia, retrata a vida pela imagem, já um escritor traduz o que observa em textos.

Em uma conversa ao telefone com um irmão de fé “viajante”, ele anuncia: 
- Eu consigo enxergar como me mudei para cada região em que consegui empregos na minha área. Eu acabei de me formar e bradei em voz alta porque sabia que iria viajar a trabalho para vários lugares e tudo isso aconteceu. Mas já quero me mudar de novo.

Intrigada, questionei: 
- Mas você queria tanto conseguir este cargo e já quer se mudar?

 Sua resposta me silenciou: 
-Sim. Mas já estou aqui e sei que posso subir outro degrau. Anny, somos muito novos, sabia? Hoje mesmo olhei um velhinho que estava sentado num banquinho observando o mar. Enquanto isso, eu - correndo para entregar documentações – admirava-lhe ao pensar que um dia poderei estar tranqüilo também! Não é fantástico ver o movimento das coisas? De como Deus coloca um dedo ali e aqui para que algo aconteça? De como cada detalhe... 

Aquelas explanações sobre a “mão de Deus” como se estivéssemos numa maquete (a Terra) particularmente me impressionou porque percebi que não possuía um pensamento panorâmico tão profundo. Notei que tratava-se de um dom, um discernimento delicado sobre a criação e o Criador. Outro amigo, durante uma conversa diz: “Ah, eu cansei de me sabotar, sabe”. Eu, curiosa, questiono: “Mas o que um sabotador faz?”. A resposta: “Bom, o sabotador ignora todas as dicas do universo e vive por si mesmo, quase que com uma metralhadora voltada para o resto do mundo”.

E nesse meio complexo de conversas, abstraí: todo mundo já sabotou a si mesmo. Definição: “Trabalho secreto ou resistência passiva contra qualquer causa à qual se deve cooperação”. Já perdemos um evento por causa de atrasos que poderiam ter sido evitados, já falamos e fizemos o que não deveríamos para pessoas amadas, já deixamos de refletir (pensar) antes de fazer (falar), já tivemos atitudes absurdas, talvez por querer. Já deixamos até de escrever boas ideias (lembretes) ou de estudar coisas úteis por preguiça. Esses são apenas exemplos de sabotagem pessoal. Há verdadeiros mestres nesta arte tão antiga com conseqüências em longo prazo: o tempo passa mais depressa do que o previsto. 

Numa noite qualquer de reclamação, imaginei: “Ah, tudo bem se eu não obtiver respostas/direcionamento (de Deus) para meu futuro, pois eu já pedi tantas vezes e nada aconteceu”. Nesta mesma noite, tive um sonho. Era um menino artista (com aproximadamente 8 anos) que lutava contra a gravidade atmosférica. Ele dominava a arte de andar num piso em posição vertical, como se estivesse levitando de lado. Após anos de excelência, em determinado movimento ele errou e caiu. Ele chorou, mas retomou seus passos pelo piso colorido e cheio de marcas com números. Seu pé não acertava mais sequer uma numeração marcada no piso. Então, ele caiu de novo e se deu conta de que a gravidade existia de fato e seria impossível fazer aqueles movimentos novamente estando ele na horizontal, por causa do piso com a base invertida. Quando ele caiu pela quinta vez desistiu e chorou profundamente. 

De olhos cerrados, ele escutou uma voz: 
-Menino, menino, quem é você para pensar que não pode mais fazer isso? Escute... Se eu não existisse, nem estaria falando com você, sabia? Mas a gravidade (da situação) não existe. Como você foi bobo! Desistiu porque deixou de acreditar no que um dia teve paixão em se desenvolver como artista. Menino, menino, o artista é você e eu existo sim, viu! Agora, levante e esqueça a gravidade. Está vendo como é fácil levantar? E sempre respondo sim. Você foi quem não percebeu que precisa se aperfeiçoar mais porque o futuro é sempre melhor e maior". De sorriso largo, o menino se levantou já rapaz (com 11 anos) e recomeçou seus passos no piso. 

Acordei pela manhã inspirando e expirando a história do sonho.

Boa leitura!
Annyme-se e cassideias!

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