Com o passar dos anos, o significado das palavras se corrompeu. O verbete “conselho”, por exemplo, denominava-se juízo, opinião ou parecer sobre o que convinha fazer. Somente os sábios poderiam entregá-lo a uma pessoa ou ele poderia, até mesmo, ser a “sorte” de um oráculo qualquer. Atualmente, os conselhos se caracterizam por uma reunião, assembléia deliberativa ou corpo coletivo para consultas somente.
Nunca consegui "comprar" conselhos de ninguém porque nenhum deles se encaixava aos meus anseios, problemas e ambições, por mais que eu tentasse explicá-los de verdade. Normalmente, é habitual associarem os problemas femininos somente à vida sentimental. Na realidade, a primeira pergunta que fazem às mulheres antes de qualquer conversa é “como está sua vida emocional?”. Está bem, eu até acredito que a maior parte da melancolia feminina está associada aos sentimentos, entretanto, sugiro que repensemos outros valores inclusos no pacote “estar bem consigo mesmo”. Esse pacote inclui vida financeira, profissional, desejos pessoais e ambições também. As mulheres têm certas cobiças que não estão associadas diretamente a um bom marido ou casamento, mas ao que elas podem conquistar individualmente no decorrer de suas vidas.
Outra palavra que perdeu o sentido é “justiça”. Vejamos que justiça é a “virtude que consiste em dar ou deixar a cada um o que por direito lhe pertence”. Ela está em conformidade com o direito, com a razão fundada nas leis. Mas a justiça atual se estabelece tão somente em interesses particulares que nem sempre prezam pelo direito de ambas as partes, mas pelo direito de quem mais detém “poder”.
A igreja também perdeu o sentido de ser, veja: “Templo dedicado ao culto cristão. Conjunto de cristãos unidos pela mesma fé e sujeitos aos mesmos guias espirituais”. Esta parte é difícil de comentar, mas deve sim ser comentada. O mundo está repleto de igrejas, embora nunca tenhamos visto tantos falsos profetas em nome de Deus. Na verdade, cada uma possui um “deus” diferente: deus conservador, deus ateu, deus da libertinagem, deus amor, deus... Nunca se falou tanto em Deus e de como Ele “entende” nossas atitudes por mais insanas que sejam. Está bem, vou parar por aqui! As matérias publicadas nas mídias não fazem mais sentido e perderam a razão de ser. Não por causa dos veículos de comunicação, mas dos assuntos abordados e dos caminhos da reportagem. Tudo me leva a crer cada vez mais que Deus não é nada disso do que promovem. Tanto do lado cristão quanto do lado ateu, me parece que ninguém está com a razão.
E a última palavra é “debate” que significa “contenda por meio de palavras ou argumentos; discussão; contestação”. As partes de uma discussão política ou jurídica já entram no impasse sabendo quem perde e ganha. Isto me lembra a frase de um filme com super-heróis, em que a personagem satiriza: “Está claro que isto não é uma guerra! Numa guerra as duas partes têm as mesmas chances de vencer, o que não é o caso”. A mensagem é a mesma de outrora, quem ganha não é o justo no debate, mas o poderoso. Assim, dentre muitos acertos e erros, permanece a vontade de que essas e muitas outras palavras retornem ao sentido original pela qual foram escritas e formuladas.
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